Queria ser como Dumont, com sua casa de tudo pouco, em local bucólico com direito a almoço delivery. Mala pequena, pouca coisa pra deixar pra trás. Um chuveiro - bom chuveiro é coisa pra poucos -, uma cama e uma mesa, que na verdade são o mesmo. E o céu. Subir no telhado, apontar a lupa, procurar estrelas. Mirar a lua, investigar mistérios e lembrar da caçadora, que da janela de sua carruagem perseguia a bola brilhante por entre os obstáculos, que são muitos. Tão grandes que não vejo seu rosto, caçadora, e estou com saudades. Queria procurar o grande planeta Solaris, terra onde sonhos se moldam em argila. Mas tudo que vejo, pelo pequeno olho mágico do claustro onde me encerro, é um mundo às avessas, onde o barro se desfaz, e seu pó destrói tudo ao redor. Ao que tudo acaba, inclusive os sonhos possíveis. Imagine os impossíveis? Não resta mais nada, nem Dumont, nem você, caçadora, com seus olhos de menina que me faziam ver o mundo de outra forma. Continue a contar as estrelas que encontra na primeira leva da noite, a enxergar castelos por entre as nuvens e a sonhar com seu pequeno príncipe, que um dia será outro, pois que mais nada posso fazer a não ser sonhar que um dia tive o sonho de ter você.
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