terça-feira, 13 de março de 2012

A cegueira de Deus


Neste domingo, lendo o artigo do João Ubaldo Ribeiro sobre o Estatuto da Palavra, pensei o quanto do politicamente correto é retrocesso, e o quanto continuamos os mesmos, apenas com novas ferramentas. Apesar de toda revolução tecnológica, capaz de nos levar a um novo paradigma de conhecimento, as fogueiras continuam ardendo, e os inquisidores estão ansiosos para encontrar pecadores. Uma nova moral se constrói, e os olhares vigilantes, agora, estão com os circuitos integrados. O Estado, que tudo vê, penetra cada vez mais seu olhar para dentro de nossas casas, invadindo nossos corpos, remexendo nossos lixos.
Em algum momento, chegou a parecer que não seria assim, e que os pecados nos abandonariam, mas não os pecadores. Achava-se que os imorais viveriam em um campo de sonhos. Woody Allen, com seu 'Crimes e Pecados', enxergou o início do abandono do bastão, mas ainda era muito cedo para perceber que alguém não iria deixá-lo cair. Quando Deus começa a abandonar nossos juízos, em 1989 parecia que nada ficaria no lugar, e que caminharíamos para um mundo amoral. E, de uma certa maneira, muitos de nós dizem que vivemos o fim dos tempos, que tudo está fora do lugar e que hoje tudo vale. Curiosamente, nesse mesmo fim de semana assisti, em sessão dupla, ao filme 'Vicky Cristina Barcelona' e Woody é mais um a apresentar o lesbianismo labial que virou regra, mas que em 1990 o 'Justify my Love' da Madonna ainda escandalizava. Então, estamos realmente vivendo tempos amorais?
É disso que João Ubaldo trata. Há um deslocamento de eixo, e o novo responsável pela fogueira tem status de servidor público. O Grande Irmão está de olho, e a sede de limar livros, reescrever textos, controlar corpos - não mais o erotizado, mas o somatizado - anda enorme, e não para de crescer. Se Deus nos abandonou, o Estado jamais nos permitirá caminharmos sozinhos.

sábado, 10 de março de 2012

Que fazemos? Aproveitamos!

Entre o passado que nada fica, pois que tudo se recria - como sonho ou como farsa-, e o futuro que promete algo que jamais cumprirá, existe o momento que precisa ser vivido, como sina dos vencidos, pois o jogo foi jogado, e o resultado todos sabem onde vai dar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Bela arte



"
A genialidade é uma reinvenção, por parte de alguém, das suas condições objetivas e subjetivas. Pessoas que sempre tiveram essas condições muito confortáveis (e a beleza é um dos elementos decisivos na determinação dessas condições) não têm razão para inventar outras. Tenho convicção de que isso é uma verdade, mas reconheço também que é uma verdade limitada. Penso em alguns artistas grandes — Dorival Caymmi, por exemplo — e me parece que essa grandeza não nasceu do antagonismo do mundo, mas da alegria espantada de estar nele.
"
Francisco Bosco

...

Adaptação de texto publicado em O Globo, que pode ser lido aqui. A imagem manipulada é de Batistão, e a escolhi por uma interrogação: o texto trata de genialidade, beleza, angústia e alegria. O que disso é Chico?

quarta-feira, 7 de março de 2012

Reiventaram o conhecimento



"
Os fatos não são mais os fatos, há especialistas por toda parte e a pessoa mais inteligente na sala é a própria sala.
"
David Weinberger

...

Citação de Pedro Doria em texto publicado em O Globo de 28.02.12 que pode ser lido aqui.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Mais uma dose



"
Ali pelo oitavo chope chegamos à conclusão de que todos os problemas eram insolúveis. Florêncio propôs, então, um nono, argumentando que outro copo talvez trouxesse uma solução geral.
"
Cyro dos Anjos
...

Trecho citado por Francisco Bosco em O Globo de 29.02.12 pode ser lido aqui.
Foto, Filipe Oliveira, com Creative Commons.