quarta-feira, 31 de março de 2010

Futuros interrompidos

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Não solicitei (indenização) porque minha atividade naquele período foi consciente. O risco estava bastante nítido para mim. Além disso, embora tenha deixado meu trabalho de jornalista, o exílio me enriqueceu muito, de forma que, ao retornar, tinha possibilidades mais diversas.
Não posso fazer uma lista complexa de critérios, mas penso que pessoas inocentes, colhidas por acaso nas malhas da repressão, sem inclusive saber do que estava acontecendo realmente no Brasil, mereciam compensação.
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Fernando Gabeira
Gabeira encontrado no Pilórdia. Imagem, Ads of the World.

terça-feira, 30 de março de 2010

Parâmetros cósmicos

planeta hoth planeta endorplaneta tatooine planeta alderaan
Com frequência, recebo mensagens de leitores um tanto desconfiados com as asserções que os cientistas fazem sobre o Universo.
"Como é que vocês sabem que o Big Bang ocorreu? Como vocês podem medir a idade do Universo, ou quantas estrelas existem?", perguntam eles. Esse ceticismo é saudável e válido.
Afinal, a própria ciência só funciona porque a comunidade científica checa de forma incessante as asserções de colegas e os resultados de seus experimentos. Sem isso, a ciência perderia a sua universalidade, a sua aceitação como descrição válida dos fenômenos naturais. Portanto, é importante que os cientistas justifiquem publicamente as suas afirmações sobre o cosmo.
Marcelo Gleiser
Imagens são de Justin van Genderen, via Super Punch. Texto completo do Gleiser, aqui.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Estrada-parque para Visconde de Mauá

Estrada-paque Capelinha-Mauá 4
Em dezembro de 2009 forram iniciadas as obras da estrada-parque que ligará Capelinha (MG) a Visconde de Mauá (RJ). A estrada contará com acostamentos, mirantes e centro para visitantes. Também serão construídas passagens subterrâneas para animais.
O projeto, com previsão de conclusão no fim de 2010, facilitará o acesso a Mauá, Maringá e Maromba. Via Arquite…tando.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O sonho de Marina

Marina Silva - Fraga2 
A senadora Marina Silva tem um sonho. Quer transformar a questão ambiental num tema central da discussão política, mas sem virar uma candidata de uma nota só. Mais que transversalidade, a intenção é dar centralidade no programa de governo à questão socioambiental, saindo do que considera uma discussão do passado para preparar o país do futuro… a política que está sendo feita no país obedece muito a certos ditames que visam à manutenção do poder político, não a avanços institucionais, a melhorias na qualidade do bem-estar do cidadão.
Merval Pereira
O texto completo do Merval encontra-se aqui. Ilustração, Fraga.

terça-feira, 23 de março de 2010

Múltiplas ideias

Luminária com lâmpadas queimadas - Henrik Klug
Luminária feita com 42 lâmpadas queimadas coladas com silicone, criação do designer Henrik Klug. Via Rodrigo Barba.

sábado, 20 de março de 2010

Efeito Orloff

Paris 1910 Podemos nos orgulhar. Conseguimos produzir nas grandes capitais do Brasil, em pleno século XXI, aquilo que Paris conseguia fazer no início do século XX, como comprovam os documentos da Bibliothèque Historique de la Vile de Paris expostos em fevereiro de 2010. A enchente da cidade em janeiro de 1910, pelo visto, não deve nada aos piscinões da Praça da Bandeira. Com o metrô chegando a Ipanema, o que faltará a cidade do Rio de Janeiro? Nosso Haussmann tropical, onde quer que esteja, deve estar realizado.
Via Photo. Sobre o efeito Orloff em relação ao trânsito, ver aqui.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O que realmente importa


De tudo que aconteceu no Oscar de 2010, a única coisa que realmente tinha alguma importância foi a homenagem a John Hughes. Ver seus atores perfilados para um último tributo, com suas caras envelhecidas, tão comuns quanto a vida, nos faz perceber que o sonho existe, e que um belo dia, vira outra coisa. Afinal, tudo acaba. Mas, por um átimo, existiu um universo de possibilidades. Como numa sequência de pensamento, lembrei-me de outros que se foram ou ainda estão por aí, alquebrados mas resistentes. Enquanto alguns celebram vitórias, outros sorriem ao perceberem que sobreviveram.
Michael-J-Foxcassia eller by thiago padoanMARCELO FROMER kiko coelhorenato cazuza



No dia 12.03, nos despedimos do Glauco. Nunca na história deste país tantos morreram tão jovens. Os anos 80, mais uma vez, estão de luto.
laerte glaucoImagem de Laerte.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Vulto verde

Rompida com o PT, acolhida pelo PV e rodeada por interesses diversos, Marina Silva percorre o país defendendo uma "nação de baixo carbono". Imagem e texto na Piauí.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Quem cala, quem fala


Não faz muito tempo e éramos nós, os brasileiros, que estávamos com a integridade física ameaçada por um regime ditatorial. Muitos dos que estão no governo não podem ter se esquecido de como era importante para quem sofria, e para seus familiares, saber que havia solidariedade internacional.
Não faz muito tempo que aos brasileiros presos por motivos políticos havia apenas o recurso de medidas extremas, na falta do direito de defesa. Quem fez uma greve de fome, ou viveu a aflição de ter uma pessoa querida neste ato desesperado, deve se lembrar: o que os levava a isso era a impossibilidade de chamar a atenção para a sua situação por qualquer outro meio; a imprensa censurada, o Judiciário amordaçado, o Congresso ameaçado.
O gesto era um grito de urgência. Às vezes era pelo direito de sair do confinamento, ou uma forma de não enlouquecer.
Não faz muito tempo que o único canal que vinha em socorro dos dissidentes brasileiros era o externo.
Hoje os dissidentes daquele tempo espalharam-se e divergem entre si em vários partidos, grupos políticos, correntes de pensamento.
Mas certamente todos se lembram de como foi importante haver uma janela para o mar, para olhar o mundo à espera de algum reforço. Foram muitos os governantes estrangeiros que perguntaram pelos nossos dissidentes, quiseram saber das torturas e desaparecidos, defenderam princípios democráticos, constrangendo os generais. As notícias dessas pressões circulavam como uma válvula de escape, uma esperança.
Míriam Leitão
Trecho adaptado. Versão completa no Arquivo de Artigos Etc.

terça-feira, 16 de março de 2010

Embarque para o futuro

O zeppelin está assim, como este
fotografado por Stefan Kuna em Botswana, via BBC;

Ficará assim, de acordo com jean 7 pierre,


Mas já foi assim...


quinta-feira, 11 de março de 2010

A visionária cidade de Masdar

Masdar Está em construção nos Emirados Árabes aquela que pretende ser a primeira cidade totalmente ecológica do mundo. Orçada em 22 bilhões de dólares, a obra iniciou-se em 2008 e está prevista para ser concluída em 2016. O arquiteto britânico Norman Foster, que assinou a restauração do Reichstag e o novo Wembley, planejou Masdar movida a energia solar e reaproveitamento máximo do lixo, pretendendo atingir nível zero de emissão de gases que provocam o efeito estufa. Mas não prepare a mala ainda não: haverá espaço para apenas 40.000 pessoas. O resto, é deserto.
Para saber mais, leia aqui.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Cavaleiro do tempo presente

 
Depois de abrir o carnaval com a União da Ilha e de sair de passista no Salgueiro, Cervantes permanece como delírio de um louco. Terry Gilliam não desiste dos infortúnios que o cercam há nove anos, desde que começou a aventura com O Homem que Matou Dom Quixote e que não chegou a um fim. Seus descaminhos geraram, inclusive, o documentário Perdido em La Mancha, onde encontrou de tudo, de tempestades avassaladoras a treinamento militar da Otan. Só não encontrou o seu rumo, o que tenta fazer agora, mas não parece que será fácil. Ainda depende do desembarque do Deep Pirata, que não quer largar o osso da perna de pau.

Livre de direitos autorais, é possível ler a obra em português (vol1 e vol2) e espanhol.
Para espíritos livres, que já domaram seu moinho, Gorillaz.

terça-feira, 9 de março de 2010

Com licença poética

velazquez_meninas Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não,
creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos – dor não é amargura.
 Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida  é  maldição pra homem.  Mulher é desdobrável.  
Eu sou.
Adélia Prado

O autorretrato
Rockwell by Rockwell No autorretrato que me faço / - traço a traço –
às vezes me pinto nuvem, / às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas / de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem / mas que um dia existirão…
e, desta lida, em que busco / - pouco a pouco -
minha eterna semelhança, / no final, que restará?
Um desenho de criança… / Terminado por um louco!
Mário Quintana
Calvin como Rockwell 
Texto, Algma poesia. Rockwell, Yo. Calvin, Depósito.
Pra encerrar, Batistão, que mais parece um professor que, por trás do jeito desanimado, guarda um louco com sonhos de um palhaço.
Batistão

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dicas para feriados chuvosos

Não sabe o que escolher na locadora para o fim de semana? Taí um compacto de 349 filmes de 2009 em 7 minutos. Difícil é descobrir seus nomes...

Via Amorita.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sapucaí repaginada

 Rio2016_Sambódromo1 Rio2016_Sambódromo2  
Mais Brahma na Sapucaí. A cervejaria trocará antiga fábrica vizinha ao Sambódromo que é tutelada pelo Inepar e mais R$ 30 milhões por direito de construir 3 torres de 11 andares na região. Para a prefeitura, seria a oportunidade de adequar a avenida para a Olimpíada e, de quebra, ressuscitar o projeto original de Niemeyer. A Liesa, pelo que parece, não ficou muito satisfeita com a ampliação, pois a reforma implicaria na troca de camarotes por mais arquibancadas.
Mais detalhes em O Globo. Imagens são do projeto olímpico.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A ciência na ficção

Em fevereiro, na Veja

Avatar é ficção, claro. Mas mostra um surpreendente conhecimento e respeito pelo que de mais avançado as várias áreas da ciência que abrange andam produzindo. A seguir, o seu placar:

AS FORMAS DE VIDA BIOLUMINESCENTES
No filme: em Pandora, diversas das espécies de plantas e animais brilham no escuro.
Na ciência: a habilidade de alguns organismos para criar sua própria luz, ou bioluminescência, não é incomum na Terra. Pode ser observada em vaga-lumes, algas e em várias criaturas das profundezas marinhas, aonde a luz solar nunca chega. Pandora é uma lua e, como a nossa Lua, está "amarrada" ao seu planeta-mãe. Tem portanto uma face permanentemente voltada para o planeta e outra permanentemente voltada para o espaço. Ou seja, um dia lunar equivale a uma órbita completa em torno do planeta-mãe. Para efeito de comparação, um dia da nossa Lua equivale a 27 dias terrestres e uns quebrados (todas as fases da Lua, de ponta a ponta), o que significa que sua noite é mais ou menos metade disso. Muito tempo no escuro - e, assim, todo um ecossistema bioluminescente poderia ter emergido em Pandora, postula James Cameron, como os que se formaram em zonas muito profundas dos oceanos terrestres.
O veredicto: embora a situação seja hipotética e não possa ser verificada pela ciência de que se dispõe - uma vez que não conhecemos mundos com vida além do nosso -, ela faz sentido teórico. Ponto para Avatar.

A LOCALIZAÇÃO DE PANDORA
No filme: Pandora é uma lua do planeta Polyphemus, no sistema de Alfa Centauro, a cerca de 4,4 anos-luz da Terra. Lá, sob a luz branca e ligeiramente amarelada da estrela Alfa Centauro A, semelhante ao nosso Sol, florestas luxuriantes suportam um grande número de formas de vida, inclusive a população tribal chamada Na’vi.
Na ciência: Alfa Centauro, constituído de três estrelas, é o sistema solar mais próximo do nosso. Vários times de astrônomos, em particular das universidades Yale, nos Estados Unidos, de Genebra, na Suíça, e de Canterbury, na Inglaterra, estão numa corrida para identificar planetas e luas com condições mínimas de abrigar vida que porventura existam ali. Já se sabe que planetas gigantes como o fictício Polyphemus, que Avatar diz ser semelhante a Júpiter, não existem. Mas mundos de escala como a da Terra ainda são uma possibilidade. A favor de Alfa Centauro conta também o fato de que dois de seus sóis têm composição química similar à do nosso e propiciam a existência de uma zona branda - em que, se houvesse água na superfície de um mundo, ela poderia estar em estado líquido - de dimensões bem razoáveis.
O veredicto: pela proximidade e pelas possibilidades que sugere, Alfa Centauro é uma excelente escolha para situar Pandora. Ponto para Avatar.

AS MONTANHAS FLUTUANTES
No filme: um dos cenários mais deslumbrantes são as Montanhas Hallelujah, enormes blocos de rocha, cobertos de vegetação, que flutuam no céu de Pandora como nuvens sólidas. Isso acontece porque elas contêm grande quantidade do minério unobtainium, um supercondutor que preserva suas propriedades à temperatura ambiente, e estão localizadas em zonas de grande atividade magnética.
Na ciência: os supercondutores identificados até hoje são capazes de conduzir eletricidade sem resistência apenas em temperaturas muito negativas. Mas, se um minério como o unobtainium existisse, o quadro seria hipoteticamente possível: materiais que contenham supercondutores tendem a flutuar na presença de um campo magnético. As montanhas seriam, assim, uma espécie de versão radical dos trens Maglev (contração de Magnetic Levitation) usados no Japão, que flutuam sobre os trilhos.
O veredicto: é o tipo de premissa que só faz sentido por manter a coesão com o universo do filme - não com o universo conhecido. Avatar perde ponto.

A VIAGEM ATÉ PANDORA
No filme: naves equipadas com motores híbridos de fusão de antimatéria levam os seres humanos até Pandora a uma velocidade horária que corresponde a sete décimos da velocidade da luz. Ainda assim, a viagem leva algo como seis anos.
Na ciência: não se conhece reação energética de fins propulsivos mais poderosa do que aquela propiciada pelo choque, e aniquilação mútua, de partículas de matéria e antimatéria. Essa reação pode ser usada diretamente como combustível ou aplicada à fissão ou fusão de outros materiais - como em Avatar. Primeiro probleminha: os preços intergalácticos. O acelerador de partículas do Cern, na Suíça, produziu até hoje não mais do que alguns nanogramas de antimatéria. Calcula-se que, hoje, cada micrograma custaria 60 bilhões de dólares. Segundo empecilho: o armazenamento de um combustível tão volátil por distâncias e períodos tão extensos. Terceiro: é improvável que, usando antimatéria para fins de fusão, se conseguisse energia suficiente para alcançar sete décimos da velocidade da luz.
O veredicto: superados esses probleminhas, dizem especialistas em propulsão, o processo escolhido por James Cameron seria ideal. E para isso existe a ficção, claro - para criar o ideal onde ele é impossível. Ponto para Avatar.

OS AVATARES
No filme: o genoma de um ser humano é combinado ao dos Na’vi, a população nativa, para a criação de um avatar - um corpo igual ao dos Na’vi, capaz de sobreviver no ar tóxico de Pandora, mas controlado telepaticamente, por meio de uma interface ultrassofisticada, pelo homem ou mulher que é "dono" desse corpo. Para o protagonista Jake Sully, a experiência é inebriante: ele está paraplégico, mas, quando ocupa seu avatar, pode se movimentar com toda a liberdade que perdeu - e mais um tanto.
Na ciência: o primeiro passo desse processo, a criação de uma interface cérebro-máquina, é a grande ambição de projetos como o liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis na Universidade Duke, no estado americano da Carolina do Norte: a equipe de Nicolelis vem trabalhando no desenvolvimento de uma "neuroprótese" - um aparato que, "vestido" por uma pessoa paralisada e comandado por seu cérebro, permita que ela se movimente. Em 2008, eles obtiveram um avanço impressionante. Treinaram um macaco Rhesus para andar ereto numa esteira. Eletrodos captaram os sinais neuronais do animal enquanto ele caminhava e os enviaram via internet a um laboratório no Japão, onde um robô usou esses sinais para sincronizar seus movimentos com os do macaco. A partir daí, os pesquisadores vêm ensinando os macacos a controlar seus próprios avatares. Vários experimentos já tiveram sucesso no comando a distância de braços robóticos - que possibilitariam, por exemplo, a realização de cirurgias remotamente, com o cirurgião num ponto do planeta e o paciente em outro. Outros grupos de pesquisa ainda trabalham na interface cérebro-máquina para ajudar pacientes a sintetizar uma voz ou a mover cursores de computador com as ondas cerebrais.
O veredicto: a experiência extracorporal do protagonista coincide com a mais revolucionária pesquisa nessa área. Já a transposição da sua consciência para um avatar é uma impossibilidade completa, diz Miguel Nicolelis. Mas quem achou que esse aspecto poderia ser viável já anda por conta própria no mundo da lua. Ponto, portanto, para Avatar.

AS SUPERARMADURAS
No filme: os soldados estacionados em Pandora usam, para trabalho ou combate, enormes veículos blindados exoesqueletais que amplificam seus movimentos: o operador move o braço ou a perna alguns centímetros, e a armadura descreve exatamente o mesmo movimento em escala muito maior e com força enormemente ampliada por seu sistema hidráulico - uma versão ainda mais futurista da superempilhadeira com que Sigourney Weaver lutava com o monstro em Aliens - O Resgate, também de James Cameron.
Na ciência: o Exército americano adoraria dispor de armaduras como essas, com que os soldados pudessem carregar equipamento pesado e armas de grande porte em situações de combate e resgate e também para a fisioterapia de combatentes feridos. Tanto que, desde 2000, sua Agência de Pesquisa de Projetos de Defesa Avançados (Darpa) já destinou várias dotações orçamentárias para esse tipo de programa. Até o momento, desenvolveu uma máquina de cerca de 70 quilos, chamada XOS, ajustada aos braços, pernas e torso do operador, possibilitando que ele levante pesos repetidas vezes sem nem transpirar, mas seja capaz também de movimentos finos como subir escadas ou chutar uma bola. A maior desvantagem da XOS é que ela ainda necessita estar ligada por cabo a uma fonte de energia, o que reduz drasticamente seus usos.
O veredicto: um especialista do programa militar americano ouvido pela revista Popular Mechanics diz que a armadura imaginada por Cameron "tem muito de Hollywood" - mas não deixa de ser um excelente exemplo de "uma plataforma versátil, capaz de uma ampla gama de ataques". Traduzindo o militarês: se ela existisse, o Pentágono já estaria emitindo as faturas de compra. Ponto para Avatar.

OS ANIMAIS COM SEIS PATAS
No filme: as criaturas que habitam Pandora são muito peculiares. Em geral são grandes, e muitos dos animais têm seis patas.
Na ciência: a gravidade reduzida de Pandora explicaria por que esse mundo suporta formas de vida agigantadas. O hexapodismo - ou seja, a existência de seis membros -, tão comum entre suas espécies, poderia parecer, assim, contraditório: em tese, o maior número de membros seria para suportar mais peso. Mas o hexa e multipodismo é, na Terra, mais comum justamente entre os seres menores, os insetos.
O veredicto: não há nenhuma razão determinante, do ponto de vista biológico, para que as criaturas de Pandora sejam como são. Mas também não há erro gritante em sua concepção. Avatar não ganha pontos aqui, mas também não perde nenhum.

ANATOMIA DE UMA NA’VI
O povo nativo de Pandora é o ponto em que Avatar mais toma liberdades com a ciência - mas nem tantas assim.
1. Seios e umbigo - fazem sentido?
Não. Os Na’vi não são mamíferos placentários. Ou seja, não são gestados no útero, recebendo nutrientes e hormônios por meio de um cordão umbilical ligado à placenta. Assim, não deveriam ter umbigo, e as mulheres não necessitariam ter glândulas mamárias para alimentar seus filhos. Mas ambos expressam a forma humana. "Se estivessem ausentes, isso poderia causar um choque no espectador", diz Renato Sabbatini, neurocientista da Unicamp.
2. Altura de 3 metros - faz sentido?
Sim. A gravidade em Pandora é ligeiramente menor que a da Terra, o que possibilita a existência de seres maiores. Para tanto, porém, são necessários um sistema circulatório que consiga transportar o sangue até os extremos, como nas girafas, e uma estrutura óssea que suporte o peso - e o esqueleto dos Na’vi, segundo o filme, é ultrarresistente.
3. Cauda - faz sentido?
Mais ou menos. A cauda é um contrapeso necessário para o equilíbrio. Os Na’vi a utilizam para se movimentar sobre as árvores - mas seu esqueleto já bastaria para tal. Já a sua postura ereta, como a dos seres humanos, é de fato fundamental para a locomoção eficiente de um bípede. As crianças, por exemplo, que ainda não fortaleceram os músculos das costas e do abdômen, têm dificuldade na locomoção sobre as duas pernas - por isso, engatinham e caem quando tentam andar.
4. Corpo delgado e musculoso - faz sentido?
Sim. Pouca gordura corporal e muito músculo, características dos Na’vi, ajudam na agilidade e na locomoção.
5. Pele azul - faz sentido?
Sim. A lua Pandora provavelmente recebe grandes quantidades de radiação do planeta gasoso a cuja órbita pertence. A cor azul tem muita energia, e funcionaria como uma espécie de proteção.
Fontes: Rafael Campos Duarte, biólogo do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo; Guilherme Melo Serrano, mestre em genética da Unicamp; Sérgio Bueno, biólogo e professor do departamento de zoologia da Universidade de São Paulo; Renato Sabbatini, neurocientista da Unicamp. Texto da revista Veja.

Um tesouro musical

Pesquisa traz à luz uma surpreendente coleção de órgãos barrocos em igrejas brasileiras. São instrumentos de valor histórico inestimável. Na imagem Coroação de dom Pedro I por Debret, o órgão aparece ao fundo. Veja aqui.

Entrevista de Nick Hornby na Veja

O escritor inglês diz que o iPod e a internet mudaram completamente a forma como os fãs se relacionam com a música e que o rock já não serve mais para os jovens expressarem rebeldia. Veja aqui.

Professor: prestígio zero

Pesquisa mostra que os bons alunos não querem mais seguir o magistério. Veja aqui.

terça-feira, 2 de março de 2010

Desmatamento genealógico

Com base em inspeções do Conselho Nacional de Justiça a cartórios, especialistas estimam que 1/4 das crianças nascidas no Brasil não tem o nome do pai. Em matéria de O Globo, o índice brasileiro é bem superior ao europeu. Na França, apenas 2% da população não apresenta a identificação paterna em seus documentos. Queridas mães solteiras, o que vocês estão ensinando aos seus garotos?

 Laerte via Blog do Marson.