domingo, 7 de outubro de 2012

Carta aos vencidos



Caros colegas que compartilham a insatisfação com o modelo de gestão atual,

Gostaria de solidarizar-me com a tristeza tomada por tantos com a decisão com esmagadora maioria do processo eleitoral do Rio. Mas, antes de tudo, gostaria de fazer uma reflexão. Tenho lido muitas críticas ao eleitorado que elegeu a atual gestão, e acredito que esse seja um importante ponto para entendimento. A natureza dos votos parece meio óbvia: a enorme quantidade de investimentos ocorridos no Rio durante o último mandato. O lema ‘Somos um Rio’ não deixa engano – governos federal, estadual e municipal estão juntos nisso. A elástica coligação vencedora expõe o modelo que já conhecemos. Não podemos desassociar a candidatura reeleita como isolada. Ela só existe porque existe amplo apoio do governo federal, além do governo estadual. A macropolítica desenvolvida no país se reflete aqui. E estamos falando de um governo federal extremamente popular. Então, nada mais coerente que o eleitor que apoia as políticas da União apoie tudo que vem sendo feito nessa cidade – mais uma vez, feito em larga escala com verba federal que, sabemos muito bem, tradicionalmente escasseia quando os governantes municipais e estaduais são da oposição.
A questão, por conseguinte, que nos cabe refletir, trata-se da coerência dos insatisfeitos. Até onde vai nossa insatisfação? Até onde somos oposição? De resto, esse é o jogo democrático. Não é possível que o eleitor comum seja tão limitado apenas quando discorda de nós.

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