domingo, 5 de agosto de 2012

Cronos

Só eu sei o que vivi quando você, pequena, estava em meu colo. Percebi tudo que tínhamos e que perdemos. Só que agora eu era o pai. Só eu sei o que senti quando vi você rosa, rechonchuda, berrando infinitamente. Todo o resto se foi, o vazio mudou de lugar, e o caminho surgiu. Você tornou-se sentido, e, surpreendido, enxerguei pela primeira vez que espaço ocupar.
O vazio em mim ficou, não há nada a colocar. O que me resta é acompanhar os passinhos, tentando seguir o caminho, até ver onde vai dar.
...
Tudo isso porque vi A Árvore da Vida, meio que um 2001 às avessas, com direito a drama edipiano e um final com gosto de Lost. Num mundo apresentado entre a natureza e a graça, pela primeira vez pensei em máquinas como coisas tão orgânicas, geradas no ventre do animal-cobiça. Mas isso são outros quinhentos.

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