quinta-feira, 17 de junho de 2010

De fora para dentro

 guggenheim05 
No início do século XX os arquitetos e urbanistas foram perspicazes, souberam dosar egocentrismo e altruísmo, anteciparam-se aos problemas e foram além, apresentando soluções que, mesmo quando utópicas, eram impregnadas de um discurso arquitetônico e urbanístico construtivo. A propaganda do racionalismo, mesmo que eventualmente movida por interesses individuais, era baseada em um projeto coletivo.
Ciudad de las  Artes y las Cincieas - CalatravaHoje, quando se trata de uma proposta disciplinar à demanda por cidades sustentáveis, nossa resposta tem sido a proliferação de selos; “branding” baseado no “star-system” (anglicismos inevitáveis nessa metáfora ao mundo publicitário); expressividade midiática de formalismos individuais… Enfim, falta perspicácia e antecipação, falta espírito coletivo e sobra promoção individual.
Alvaro Siza Vieira - Iberê Camargo
No século XX (no período entre-guerras e no pós-guerra) os arquitetos do “star-system” Moderno também migraram, circularam pelo mundo, buscando novos mercados, apresentando suas idéias. As peregrinações de Le Corbusier no Brasil, em 1929 (ano da primeira grande crise global) e em 1936, sem dúvida influenciaram positivamente a construção da identidade da arquitetura nacional (moderna e contemporânea).
damusicaxz1 No início do século XXI, no entanto, quais propostas, utópicas ou práticas, que esperamos receber dos arquitetos do star-system contemporâneo ? Ressalvadas as raras e relativas exceções, nada além de metáforas que reforçam interpretações individualistas e o espírito de colonização de novos territórios, na onda do mercado global e do “franchising arquitetônico”. Como o comentário de Portzamparc, sobre suas contratações globais, ao declarar que o seu escritório “é uma aldeia e que está sempre em busca de uma nova baleia…”
corbusier-rio

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